Gil Simões e seus mais de 30 anos de experiência em fertirrigação

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Batemos um papo com um dos agrônomos mais experientes, e ainda em atividade, na Yara Brasil.

A experiência e o legado de Gil Simões na Yara

Gil Simões é um dos agrônomos há mais tempo em atividade na Yara Brasil. Ele entrou para o time em 1997, quando a empresa tinha apenas 20 funcionários no país e acabou se tornando testemunha do crescimento da companhia e do desenvolvimento de diversas culturas.

Hoje, Gil dispõe de equipamentos que fazem na hora uma análise química das condições do solo, uma espécie de microlaboratório com altos teores tecnológicos que acabou ganhando o apelido de Blue Box, ou caixa azul.

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Expertise em fertirrigação

Gil Simões é especialista em fertirrigação, uma técnica que aplica simultaneamente fertilizantes e água, por meio de um sistema de irrigação. Sua trajetória o levou por acaso para um ramo no qual se tornou referência: a floricultura – embora ele também atue muito com hortifruti. Batemos um papo sobre a técnica da fertirrigação, que ele conhece há mais de 30 anos. Confira:

Gil, conta um pouquinho pra gente como você iniciou na fertirrigação?

Eu sou formado em agronomia há 42 anos e já tenho quase 35 anos de experiência em fertirrigação. Quando eu entrei na Yara, ainda no setor comercial, minha responsabilidade era com clientes de São Paulo. Essa supervisão tinha foco com clientes de flores, frutas e hortaliças no mercado de fertirrigação. O HF é uma agricultura mais pontual, com alto valor agregado onde a base nutricional depende de conhecimento da cultura e sua extração bem como as condições em que se desenvolve com mais precisão e agilidade no aporte de nutrientes. E meu conhecimento na área foi sendo construído junto com o desenvolvimento da técnica que ia crescendo no Brasil, já que, naquela época, não existia nem o sistema de gotejo. Fazíamos irrigação na mangueira mesmo.

Com todos esses anos de experiência, quais as maiores vantagens da fertirrigação que você pode ressaltar?

Eu sempre brinco que a planta não come, ela bebe. Nesse sentido, se junto com a água eu conseguir aportar os nutrientes necessários para a qualidade e nutrição da planta, é ótimo. Dessa maneira, eu consigo fazer uma nutrição mais pontual, mais precisa e junto com o aporte de água. São duas operações em uma só. Dá pra reduzir o consumo de água, de mão-de-obra, além de ter mais produtividade, já que os nutrientes chegam prontos para as culturas.

Você é muito conhecido pela sua maleta, informalmente chamada de Blue Box. O que é essa maleta?

A Blue Box é um laboratório portátil. Um avanço tecnológico que me permite, em pouco tempo, analisar quimicamente os nutrientes do solo e, então, poder indicar os nutrientes necessários. É como ir ao médico e ele pedir exames de sangue, por exemplo, pra tentar descobrir o que está em desequilíbrio e poder receitar as vitaminas necessárias. Eu faço o mesmo, só que com o solo ou um substrato de vaso. Dessa forma eu não fico no escuro e consigo fazer uma recomendação muito mais precisa e eficiente de adubação para cada caso.

Como essa análise ajuda o produtor a tomar decisões?

É preciso de muita experiência a vivência de campo, principalmente, insistência. Porque, no campo, as coisas não são rápidas. É preciso conhecer, analisar e testar. E o nosso objetivo não é simplesmente produzir mais, em volume, mas produzir com equilíbrio, buscando qualidade alimentar. Porque, no fim das contas, o alimento precisa nutrir as pessoas. Para mostrar para o produtor que a fertirrigação pode ajudá-lo a alcançar esses objetivos, não adianta apenas falar, é preciso mostrar. Então eu costumo fazer um campo experimental dentro da lavoura dele. Separo um pedaço de terra, faço a experiência e aí sim, ele vê na prática os benefícios.

Por fim, quais são os detalhes importantes que os produtores devem estar atentos e, às vezes, acabam deixando de lado?

Conhecer o PH da água que será usada na fertirrigação. É fundamental cuidar desse detalhe, pois isso pode reagir com os fertilizantes que vamos aplicar. Também é importante saber se o produtor terá o volume de água necessária para o projeto, de acordo com as necessidades do cultivo que será fertirrigado. Mas tudo isso sem se esquecer dos cuidados com o solo. É preciso corrigir acidez, se necessário, e fazer o manejo correto. O solo é um ser vivo e a gente precisa investigar para conhece-lo melhor.