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março 19, 2024

Como enxergamos o futuro da agricultura?

De: Yara Brasil.

Na opinião de dois especialistas agronômicos da Yara Brasil, agricultura regenerativa, tecnologia e sustentabilidade são algumas das respostas para um futuro alimentar positivo para as pessoas e o planeta.


Trator no campo
Trator no campo

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Uma das atividades mais antigas do mundo e essencial para a existência da humanidade, cultivar a terra ganhou uma data para ser lembrada e festejada: o Dia Mundial da Agricultura. Comemorada em 20 de março, a ocasião nos faz refletir sobre o papel vital dos agricultores e da produção de alimentos para o futuro do Planeta. Afinal, como é possível aliar produtividade e sustentabilidade a favor da segurança alimentar?

 

A agricultura é essencial para o homem, desde o início da humanidade, pois nos fornece alimentos. Atualmente, porém, a atividade enfrenta uma série de desafios, como as mudanças climáticas, escassez de recursos, conflitos internacionais e questões econômicas. Ainda assim, o agronegócio é o alicerce para o sucesso de diversas nações, incluindo o Brasil, que vê no setor uma das forças que movem o país.

 

Em 2023, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), as exportações brasileiras do agronegócio bateram recorde, atingindo US $166,55 bilhões. De acordo com o Cepea, o PIB do setor alcançou mais de R $2,62 trilhões em 2023. Com números tão impressionantes, a atividade vem superando as expectativas, mesmo com desafios recorrentes.

 

No entanto, o cenário pode mudar se nada for feito, a partir de agora. No início de 2024 o país já enfrenta falta de chuvas em diversas regiões do país e uma onda de calor, que vai se estender pelos próximos meses, deve impactar negativamente os principais cultivos, levando a possíveis quebras nas safras de diversas culturas. As mudanças climáticas devem continuar se intensificando nos próximos anos, ao mesmo tempo em que tensões internacionais e os desafios da cadeia de alimentos impactam negativamente a rentabilidade do campo.

 

Isso tudo, sem contar um fator essencial para o sucesso da agricultura: a sustentabilidade. Com cerca de um terço dos solos degradados em todo o mundo, segundo dados da FAO, o mundo precisa tomar medidas urgentes e eficazes, capazes de possibilitar a produção de alimentos de modo mais sustentável para as pessoas e o planeta.

 

Nesse sentido, a Yara traz um olhar sobre o tema e seus possíveis desdobramentos para o Brasil e o mundo na visão de dois experientes engenheiros agrônomos que colaboram ativamente para o sucesso da companhia.

 

Aos 63 anos de idade e com mais de 25 anos de Yara, João Maçãs é expert em produtos, na área de portfólio. Já Antônio Augusto, prestes a completar 70 anos, usa sua experiência para desenvolvimento de mercado, ao longo de 26 anos de trajetória na companhia. Com a verdadeira paixão que move os grandes profissionais, esses especialistas agronômicos falam sobre sustentabilidade, desafios, novidades do setor e o futuro da agricultura para os próximos anos. 

 

Confira a entrevista abaixo.

 

Na sua visão, quais os principais desafios para a agricultura nos próximos anos?

 

Antônio Augusto (A.A.): Acho que o conjunto de clima aumento populacional, recursos hídricos e crises políticas e econômicas. A agricultura, como um todo, precisa olhar para diversas variáveis, o que torna a atividade arriscada. Sempre digo que a falta de água deve ser um dos principais problemas que vamos enfrentar em breve. Por isso, defendo que a agronomia olhe para o mar como uma alternativa para irrigar as lavouras, como já é feito em Israel. Lá, eles usam um sistema de dessalinização da água do mar e utilizam águas de servidão tratadas (esgotos) para irrigar as lavouras e produzir alimento. Não existe uma resposta única para essa pergunta, mas creio que a chave está na reciclagem, em todas as esferas, em olhar para a agricultura como parte da natureza. A natureza nos devolve exatamente aquilo que damos para ela, por isso, é hora de nós colocarmos em prática ideais concretas, capazes de transformar a atividade em algo mais rentável e produtivo para combater a fome e resistir às mudanças que não podemos controlar, como o clima.

 

João Maçãs (J.M.): Sem dúvida, o aquecimento global está no topo dos desafios da agricultura no futuro. Desse modo, é urgente que todos nós possamos aplicar práticas agrícolas mais sustentáveis, capazes de equilibrar o jogo a favor da natureza e das pessoas. Para isso, é fundamental que todos os envolvidos entendam que precisamos alimentar o mundo preservando o solo. E isso só é possível ao investir em conhecimento, tecnologia e uma agricultura regenerativa, capaz de cuidar do planeta ao mesmo tempo que produz alimentos em quantidade suficiente para alimentar uma população em crescimento. Não é uma tarefa simples, mas pode ser alcançada com um conjunto de ações coordenadas de médio prazo, utilizando conhecimento agronômico e adubação eficiente.

 

Como é possível alcançar alta produtividade sem deixar de lado a sustentabilidade?

 

A.A: Olhando mais para a natureza e reduzindo a ambição. Nós ainda mantemos a mentalidade extrativista, em que queremos extrair da terra o máximo de recursos possíveis, sem devolver uma parte do que tiramos. Isso precisa mudar. É hora de buscarmos equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade, conscientizando o homem do campo da importância de buscar conhecimento e alternativas viáveis ao seu negócio. A Yara, por exemplo, possui mais de 100 anos de conhecimento científico voltado para soluções agrícolas, incluindo uma infinidade de pesquisas e produtos com foco na sustentabilidade. A pesquisa agronômica no Brasil, de modo geral, é bastante avançada e pode contribuir de maneira decisiva para olharmos para a saúde do solo e o uso de recursos. O tema não é exatamente novo. Desde a época do Brasil Império já havia uma preocupação com a agricultura conservacionista. O que precisamos é colocar isso em prática no campo, por meio dos agricultores e dos produtos e tecnologias que aplicamos na lavoura. É o bom e velho ditado: falar menos e fazer mais! Caso contrário, vamos enfrentar problemas muito antes do que imaginamos.

 

J.M.: Tudo começa pelo solo. É vital que os produtores rurais estejam empenhados em entender o tipo de solo com o qual estão trabalhando e quais suas necessidades básicas. Apesar de isso estar mudando nos últimos anos, muitos deles ainda trabalham sem análise de solo e sem o suporte de um profissional agrônomo. Conhecer o solo e usar uma adubação equilibrada já é o primeiro passo para a sustentabilidade. Aliado a isso, é importante difundir e aplicar os conceitos da agricultura regenerativa no manejo das lavouras. Iniciativas como enriquecer o solo com matéria orgânica, rotação de culturas, uso de tecnologias para adubação eficiente, irrigação de precisão e a aplicação de fertilizantes com menor pegada de carbono são algumas das respostas para esse problema.

 

Qual o papel dos fertilizantes em cultivar um futuro alimentar positivo para a natureza?

 

A.A.: Eu diria que é um papel decisivo. Sem eles seria impossível produzir alimentos em quantidade e com qualidade. O problema é que muitas pessoas ainda não entendem que foi a própria natureza, aliada ao conhecimento humano, que nos deu os fertilizantes. As minas de fósforo ou a centelha elétrica que tornou os fertilizantes nitrogenados viáveis são parte de processos naturais. O que precisamos é aprender a usar fertilizantes de modo mais inteligente. Como? Escolhendo produtos de qualidade, com baixa pegada de carbono e alta performance. Entender métodos de aplicação e distribuição e implementar ferramentas digitais capazes de otimizar o uso desses insumos para a alta produtividade. Devemos olhar para o que foi feito antes, buscar conhecimento técnico e científico, entender que não podemos alimentar o mundo sem os fertilizantes. O que precisamos é aprender a usar esse poderoso recurso de forma mais consciente, estudando o solo e o que ele precisa.

 

J.M: Aumentar a produtividade por hectare, explorando o potencial produtivo das áreas cultivadas. Infelizmente, ainda não alcançamos todo o potencial produtivo por hectare, justamente por falta de protocolos adequados de adubação e práticas agrícolas mais eficientes e sustentáveis. Agricultores precisam investir mais em maquinários, tecnologia, diagnóstico de solo e insumos de qualidade para elevar esse potencial ao máximo. Os fertilizantes não só ajudam a produzir mais, como colaboram para um produto final de maior qualidade. É graças aos fertilizantes que temos alimentos maiores, com mais nutrientes e maior tempo de prateleira, o que evita o desperdício durante a cadeia de distribuição. Os fertilizantes são importantes aliados para enfrentar as incertezas climáticas e auxiliar os agricultores a alcançarem resultados positivos a cada safra. Com um trabalho intensivo de pesquisa, os fertilizantes Yara, por exemplo, entregam alta produtividade e rentabilidade, com menor pegada de carbono.

 

Cite algumas das novidades mais empolgantes para o agronegócio neste e nos próximos anos.

 

A.A.: Definitivamente, as ferramentas agronômicas digitais abrem um mundo de possibilidades. Drones, sensores, satélites, aplicativos são alguns dos poderosos aliados para uma agricultura mais inteligente, sustentável e técnica. Mas é preciso cautela. Nem tudo é apertar botões. O conhecimento e a pesquisa ainda devem estar por trás da tecnologia, pautando o trabalho da indústria e dos agricultores. Não adianta apenas implementar as ferramentas, sem explicar ao agricultor como elas operam, quais suas vantagens e quais os objetivos. Precisamos capacitar quem trabalha na lavoura.

 

J.M.: Acho que o debate sobre a agricultura regenerativa e práticas de manejo mais sustentáveis é algo interessante e que deve crescer nos próximos anos. Ferramentas como o Sistema de Recomendação de Nutrição de Plantas da Yara devem apoiar os agricultores nesta tarefa e surgem como uma alternativa interessante para quem deseja realizar uma adubação adequada dos cultivos. Além disso, os fertilizantes com frações de matéria orgânica, como a linha YaraAmplix, devem ganhar cada vez mais espaço no mercado, ajudando o produtor rural a enfrentar desafios como o clima, sem perder produtividade. Por fim, a irrigação de precisão deve se tornar a regra até 2030, como importante maneira de administrar o uso de recursos naturais.

 

Como profissional da área agronômica, o que você enxerga como o cenário ideal para a agricultura daqui 5 anos?

 

A.A..: Com certeza, trabalhar a prosperidade do agricultor. Se falarmos em HFFs, por exemplo, é urgente que o produtor rural seja melhor remunerado. É preciso oferecer melhores condições para que quem cultiva alimentos encontre estabilidade e preço justo ao negociar sua produção. Para isso, é necessário tornar as tecnologias mais acessíveis, melhorar a cadeia logística, investir em políticas de incentivo e disseminar conhecimento agronômico para todos. Outro ponto é que precisamos ser cautelosos com o excesso de automação na lavoura, que acaba reduzindo as possibilidades de emprego para muitas pessoas. Com isso, também podemos aumentar o número de jovens que permanecem no campo, cultivando a terra, ao invés de buscar por oportunidades melhores nas cidades. É preciso fortalecer quem produz nosso alimento e criar um ciclo de prosperidade que valorize o homem do campo.

 

J.M.: Quem faz agricultura precisa se tecnificar, conhecer o solo e ser eficiente no planejamento da produção. Precisamos mudar a mentalidade de muitas pessoas que trabalham a terra para uma nova realidade, onde práticas agrícolas sustentáveis tenham mais espaço. É preciso olhar todo o conhecimento agronômico disponível para trabalhar a fertilidade do solo ao longo dos anos, construir perfil de solo e usar recursos de maneira racional. Com um solo capaz de reter mais água, ter maior biodiversidade e manter as características físicas, químicas e biológicas ideais para a fertilidade, o agricultor só precisa realizar adubações de reposição. Desse modo, a agricultura regenerativa se torna a regra entre os produtores rurais, entregando melhores resultados no longo prazo, enquanto cuida do planeta. Pode não ser algo imediato, mas é uma realidade viável, se começarmos a mudança agora.

 

Qual sua maior realização como agrônomo?

 

A.A.: Trabalhar na Yara. A companhia me abriu muitas portas na carreira, me fez conhecer pessoas maravilhosas e trocar conhecimento com gente que faz a diferença no mercado. Desde que comecei no comercial e fui assumindo novas funções, aprendi demais e continuo aprendendo todos os dias, principalmente com o homem do campo e a realidade da lavoura. Isso me realiza como agrônomo.

 

J.M.: Acho que poder colocar em prática todo meu conhecimento como agrônomo para ajudar o produtor rural a ter resultados positivos na lavoura. Trabalhar numa grande empresa como a Yara, que está na vanguarda do conhecimento agronômico, sustentabilidade, tecnologia e que sustenta uma atuação ética é um sonho realizado. Ela me permite entregar soluções que fazem a diferença na vida de quem cultiva a terra.

 

Qual seu conselho para as novas gerações que estão começando no agronegócio?

 

A.A.: Menos pressa e mais humildade. Hoje somos movidos pelo imediatismo, mas aprender exige paciência. Mantenha a mente aberta, escute mais do que fale e esteja sempre disposto a compartilhar conhecimento. Para aqueles que estão iniciando na agronomia, escolha uma área com a qual você se identifique e se especialize nela. E, por fim, não desanime com os erros, mas aprenda com eles. E isso também vale para quem planta. Não podemos controlar todas as variáveis, mas podemos fazer nosso melhor todos os dias. E pode ter certeza que cuidar do solo e da natureza trarão muitos benefícios para quem cultiva a terra.

 

J.M: Estude sempre. Busque olhar para o que já foi feito, aprenda a fazer o básico bem feito antes de sair queimando etapas. Procure por experiência de mercado, fale com o agricultor, entenda suas necessidades. Somos como um nutricionista de plantas, precisamos conhecer o que estamos vendendo, sem fazer promessas impossíveis ou milagrosas. Nosso trabalho deve ser apoiado na ciência. Por fim, atualize seu repertório, conheça novas tecnologias. Elas podem te surpreender.

 

Neste Dia da Agricultura, a Yara comemora a atuação incansável daqueles que levam alimento para nossas mesas todos os dias, cultivando a terra de modo ético e sustentável. A todos aqueles que encaram os desafios e incertezas que regem o agronegócio com um sorriso no rosto e fé no coração, nosso muito obrigado.

 

São agricultores, agrônomos, cientistas e centenas de profissionais de diversas áreas que nos impulsionam a construir nossa ambição de alimentar o mundo de forma positiva para a natureza. Assim, seguimos trabalhando para que, em um futuro próximo, todos estejamos conectados pelo pulso da terra.

 

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