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agosto 10, 2023

Boletim de mercado: Agosto de 2023

De: Yara Brasil

O que podemos esperar para o setor do agronegócio neste mês? Nossa equipe de Inteligência de Mercado analisou diversos fatores, confira no artigo algumas variáveis importantes para o agricultor ficar de olho.


Produtores sorrindo na plantação
Produtores sorrindo na plantação

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Com um início do ano repleto de boas promessas e os resultados positivos do agro impulsionando o PIB para cima, o Brasil continua colhendo bons frutos. No entanto, o cenário internacional merece atenção. O conflito entre a Rússia e a Ucrânia continua impactando os preços de insumos ao redor do mundo, enquanto o setor permanece atento aos problemas climáticos que influenciam os EUA. Esses fatores já podem ser sentidos no aquecimento do mercado brasileiro, o que se traduz em preços da soja e do milho maiores em julho e altas das principais matérias-primas para fertilizantes.

 

Conflitos internacionais afetam o agro

A guerra da Ucrânia fez explodir uma crise alimentar global difícil de contornar. Seus desdobramentos incluem o aumento no preço dos combustíveis e inflação, o que permanece até os dias de hoje. Os conflitos impactam diretamente no petróleo e nos fertilizantes, em especial nos nitrogenados, isso sem contar nos sérios impactos na cadeia de suprimentos.

Com isso, as principais commodities agrícolas sofrem com as variações nos preços, já que a região é um importante corredor de exportação de grãos, além de óleo de girassol, que compete com o óleo de soja.

Em julho de 2022, foi firmado um acordo de exportação pelo Mar Negro que permitiu o fluxo de grãos da Ucrânia para países da África, Oriente Médio e partes da Ásia, No entanto, essa condição chegou ao fim exatamente um ano depois, quando a Rússia terminou com o acordo e atacou portos e infraestruturas no país ucraniano. A justificativa do governo russo para os atos foi uma “retaliação” aos ataques da Ucrânia usando drones marítimos, que resultaram na queda de uma ponte rodoviária para a Crimeia.

Isso nos mostra que o conflito parece estar longe de terminar e seus desdobramentos devem continuar a pressionar a formação de preços das commodities e insumos agrícolas.

 

Desafios climáticos e precificação

Paralelamente, durante o ano de 2023, o mercado vem se mantendo atento às condições climáticas dos EUA durante os meses de plantio, que registraram solo seco, quase nenhuma chuva e temperaturas elevadas. Apesar de essas condições permitirem a semeadura de maneira bastante rápida, a falta de chuva é um fator decisivo para os preços no mercado internacional, já que a condição das lavouras piorou semana após semana.

As chuvas do mês de julho trouxeram algum alívio, mas, ainda assim, são necessários volumes maiores para o bom desenvolvimento das lavouras. Sem isso, os preços de grãos no cenário atual seguem sustentados também no mercado doméstico. Vale lembrar que, apesar de algumas possíveis revisões de produtividade, a expectativa é de uma safra cheia nos EUA, o que coloca pressão nos preços.

De junho para julho, os preços da soja disponível em Rondonópolis (MT) aumentaram 7% e em Cascavel (PR), 8%. Essa subida nos preços, somada a uma melhora nos prêmios no porto em comparação ao primeiro semestre, permitiu um maior fluxo de comercialização dos grãos no mês. Lembrando que os prêmios ainda estão negativos devido ao grande volume de grãos a ser comercializado e o câmbio segue em movimento lateral. Além disso, assim que a safra norte-americana for concretizada, teremos um grande volume de produção na safra brasileira de verão, o que pode incorrer em uma pressão nos preços de soja e milho. Esse momento de melhora na negociação dos grãos é vital para o produtor concretizar as vendas da produção e aproveitar para travar seus custos.

 

As expectativas para o Brasil

Sobre a safra brasileira de verão 23/24, o clima iniciou este ano dentro de um padrão de neutralidade e conta com um El Niño presente, mas de fraca insentidade. Isso permitiu que a chuva não cessasse cedo no primeiro semestre e deve trazer chuvas na época do plantio da safra, principalmente para a região sul, e sem impacto negativo no Cerrado. Mesmo que dependa de outros fatores, como o aquecimento das águas dos oceanos, as perspectivas atuais para as lavouras no segundo semestre para o Brasil são boas, o que permite um incremento de área na soja. Dados do Safras e Mercado de intenção de plantio apresentam um aumento de 2,5% em 2023, saltando de 44,52 para 45,62 milhões de hectares.

Julho foi um mês de correção para as demais culturas. O preço do café registrou queda, em média, de junho para julho (-10% no mercado internacional e -11,7% pelo indicador Cepea), causada pelas boas expectativas de produção na safra 23/24 e das condições climáticas bastante favoráveis aos trabalhos nos cafezais. O açúcar também apresentou queda (-2,6% na bolsa de NY, -5,5% no indicador Cepea), já que julho é considerado pico de safra e o clima foi de pouca chuva, cenário que favoreceu a colheita da cana e a produção nas usinas do Estado de São Paulo.

Desse modo, a relação de troca com fertilizantes é bastante positiva para o produtor nas duas culturas, especialmente para o açúcar, já que mesmo com uma projeção de aumento de oferta da safra brasileira, a seca excessiva em regiões produtoras na Tailândia segue dando suporte para os preços, mantendo a oscilação em patamares ainda atrativos.

 

A hora certa de investir na lavoura

Com relação aos fertilizantes, a forte demanda no mercado doméstico brasileiro para o plantio da soja 23/24, a antecipação dos cultivos de inverno e do safrinha de 2024, colaboraram para desequilibrar o balanço de oferta e demanda no Brasil. O movimento segue tentativas dos produtores e canais em travar os custos para o próximo ano, considerando as variações nos últimos anos.

A ureia subiu, em média, 23% em julho, impulsionada também por uma licitação inesperada na Índia. Pelo lado da oferta, o Egito tem enfrentado tensões de ordem geopolítica que levaram a interrupções no fornecimento de gás natural, impactando a oferta dessa matéria-prima. O mercado dos fosfatados também tem sido afetado com a aproximação do plantio da soja (+7,4% no MAP). Por fim, além da questão da demanda aquecida, os preços do KCl vêm expressando altas (+3%) pela questão das greves portuárias no Canadá, que podem alterar a capacidade de exportação do nutriente.

Nesse cenário, o produtor deve ficar atento para aproveitar o bom momento dos preços dos grãos e para, à medida que garantir a receita, não se esqueça de manter o foco também nos custos, comprando insumos. Isso é vital para a prosperidade do agricultor, pois atualmente lidamos com mais fatores altistas do que baixistas no mercado mundial e a demanda de 2023 pode fazer com que os estoques no Brasil fiquem historicamente baixos, mantendo os preços dos fertilizantes pressionados. O momento pede inteligência para negociar a produção e a necessidade de reinvestir os lucros de maneira consciente para garantir o sucesso futuro da lavoura.

 

Fontes: Cepea, Safras e Mercados

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