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julho 05, 2023

Boletim de mercado: julho de 2023

De: Diogo Micaelia, Gerente Sênior de Inteligência de Mercado

Entenda como o mercado agro é influenciado pelo clima, fatores econômicos e de produção, além dos destaques para julho no campo.


Máquinas de colheita na lavoura de soja
Máquinas de colheita na lavoura de soja

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O agronegócio é apontado como o grande impulsionador do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023. As estimativas do mercado para essa variável estão sendo revisadas para cima, impulsionadas pelos resultados positivos do setor. No primeiro trimestre do ano, a economia registrou um crescimento de 1,9%, surpreendendo os analistas e gerando expectativas de um avanço do PIB acima de 2% no ano.

Em partes, isso se deve a queda gradual da inflação e a valorização do real o cenário internacional, aliado aos bons resultados em alguns setores da economia. A agropecuária, por exemplo, registrou um aumento no  desempenho de 21,6% no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o IBGE.

Essa ascensão do agronegócio reflete-se nos ciclos favoráveis das commodities e no aumento das exportações. Além disso, a supersafra  agrícola esperada para o segundo semestre, com safras cheias de soja e milho safrinha, contribui para a queda dos preços dos alimentos e influencia a dinâmica inflacionária. Os resultados para o café e a cana-de-açúcar  também apontam um cenário favorável.


Clima

Nos Estados Unidos, as áreas de seca cultivadas com milho e soja continuaram se expandindo ao longo de junho, o que alavancou os preços no mercado internacional. Os dois principais Estados norte-americanos produtores de grãos, Iowa e Illinois, estavam com 100% do seu território sofrendo os impactos da seca. No entanto, recentemente, foi emitido um relatório com previsão de chuvas na região para as duas primeiras semanas de Julho, o que passou a pesar nos preços dos commodities.

Por outro lado, a safra brasileira de verão, que inicia em Setembro, deve beneficiar-se do El Niño. O fenômeno de aquecimento do oceano Pacífico equatorial deve ocasionar aumento da umidade do solo no segundo semestre, resultando na previsão de safras cheias de milho e soja em regiões como Goiás, Mato Grosso e Paraná. O retorno das chuvas é uma boa notícia para os produtores do Rio Grande do Sul, que sofreram com safras  menores devido à longa estiagem e ao solo com elevado déficit hídrico  causado pela ocorrência do La Niña. No entanto, é preciso atenção pois as chuvas podem vir acompanhadas do aumento de temperatura nos meses de  inverno, o que pode facilitar a propagação de pragas e doenças, prejudicando as lavouras.


Com a ajuda do clima, as projeções para o segundo semestre são bastante positivas. As áreas de cultivo de soja e cana-de-açúcar no país devem se estender ligeiramente. Além disso, a tecnologia e o manejo correto da lavoura levam a uma maior produtividade por hectare. Reforçando a posição de destaque do Brasil no ranking de produção de alimentos mundial.

A força do campo

Isso tudo leva a estimativas bastante positivas, como o aumento na produção de café na temporada 23/24 em 4,4% em relação à temporada anterior, com a estimativa de 66 milhões de sacas. Segundo o relatório do USDA, a maior produção no Brasil e no Vietnã compensará uma queda esperada na Indonésia. Além disso, o consumo global de café também deverá aumentar, para um recorde de 170,2 milhões de sacas, de 168,2 milhões de sacas em 22/23, diz o relatório.

Em relação à soja, segundo a Conab, a última estimativa de produção brasileira da safra 22/23, de junho/23, está em 155.736,5 mil toneladas, 4% superior ao obtido na última temporada, em uma área cultivada de 44.031,7 mil hectares, confirmando, novamente, recordes históricos de área de plantio, produtividade e produção. A expectativa é que os números para a safra verão 23/24 sejam ainda maiores.

O mesmo ocorre com o milho verão, que teve uma produção total estimada em 27.076,2 mil toneladas, o que é 8,2% superior à da safra 21/22, mesmo com uma ligeira redução de 2,6% da área de cultivo, que ficou em 4.431,4 mil hectares. As regiões com maior produtividade são o Nordeste e o Centro-Oeste. O Rio Grande do Sul apresenta bom desempenho, mesmo com sua  produtividade reduzida por questões climáticas. A produção brasileira de  cana-de-açúcar deve crescer 4,4% nesta safra em comparação à temporada  anterior, sendo estimada em 637,1 milhões de toneladas. Com a produção do etanol impactada pelas políticas de preço dos combustíveis, as usinas devem focar prioritariamente na produção de açúcar. Com condições climáticas  favoráveis e aumento da área de plantio, o setor sucroenergético deve apresentar um rendimento médio de 75.751 quilos por hectare.

Os bons resultados devem levar o Brasil ao posto de maior exportador  mundial de milho em 2023, de acordo com projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Os embarques podem superar as 47 milhões de toneladas do grão, um volume 10% superior ao registrado no ano anterior. Considerando apenas o primeiro trimestre de 2023, os embarques
somaram quase 10 milhões de toneladas. O volume representa quase três vezes mais que o exportado no mesmo período do ano passado, quando  foram embarcadas 3,5 milhões de toneladas do cereal.


Fatores econômicos e custos de produção

Já em termos de cenário econômico e lucratividade, fatores diversos como a volatilidade da taxa de câmbio, mudanças climáticas, safras cheias e os preços dos insumos deixam o produtor em estado de atenção. O atraso na comercialização dos grãos, resultado da busca do produtor por maiores preços dos grãos - para compensar os altos investimentos nos insumos adquiridos em 2022- pressionou os prêmios no porto e reduziu os preços no mercado doméstico. Ou seja, o produtor acabou gastando mais para cultivar e espera receber esse retorno no novo cenário, em que os preços não correspondem às expectativas.


Exemplo disso foi sentido na comercialização da soja. O grão vem sofrendo constantes quedas de cotação, o que leva o produtor a atrasar a comercialização. Dados do início de junho dos Safras e Mercados indicam que 56,7% da produção da safra 22/23 já foram comercializados, percentual inferior à última safra e a média das últimas cinco safras (66% e 73% respectivamente). Quanto à safra futura 23/24, 8% já foi comercializado, 10 pontos percentuais abaixo da média. Isso leva a uma alta disponibilidade do grão no mercado, o que afeta diretamente os preços.


Essa abordagem causa efeitos negativos em toda a cadeia produtiva, já que afeta diretamente a infraestrutura de estocagem e escoamento da produção.  Há um grande volume de grãos estocados, o que gera alto custo para o  produtor.

Olhando as oportunidades para o produtor no segundo semestre, os preços dos fertilizantes estão muito atrativos, alcançando as médias históricas, e os preços no mercado internacional das commodities, apesar das recentes quedas, ainda estão em bons patamares. Esse conjunto de fatores somado à melhora dos prêmios no porto garante uma boa relação de troca, que nada mais é que a quantidade de saca de grão que o produtor precisa comprometer em troca de uma tonelada de fertilizante. Isso reduz os custos de produção, permitindo maior lucratividade no momento da negociação e contribuindo para a recuperação das margens, que foram impactadas durante a temporada atual.


A entrega total de fertilizantes ao mercado brasileiro alcançou pouco mais de 41 milhões de toneladas em 2022, reforçando a importância desses produtos para o setor agrícola. Embora tenha havido uma queda em relação ao ano anterior, ainda é um volume considerável e para 2023 é esperado uma recomposição dos nutrientes no solo.


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Fontes: Conab/Cepea/USDA/safras e mercado

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